Relatório e Contas 2023

Proteger com as melhores condições de trabalho

A proteção dos colaboradores e da sua saúde e segurança no local de trabalho (SST), especialmente nas operações, onde existe maior risco de acidentes de trabalho e desenvolvimento de doenças profissionais, é uma preocupação constante. Damos-lhe resposta através do respeito integral da legislação aplicável e da implementação de um sistema de gestão de SST, que inclui as boas práticas de avaliação e gestão de riscos, bem como de gestão de acidentes e doenças profissionais.

Para prevenir e mitigar riscos, contamos com políticas, processos e procedimentos implementados que guiam a atuação das nossas equipas. Neste contexto, acionamos auditorias, fazemos simulacros e realizamos consultas e exames médicos regulares, sensibilizando as equipas, através de formação e envolvimento dos colaboradores, para os perigos e a adoção de práticas seguras. Importa ainda destacar o acompanhamento regular dos principais indicadores de SST:

Índice de acidentes de comunicação obrigatória

Índice de acidentes de comunicação obrigatória (linha gráfico)
Índice de acidentes de trabalho de comunicação obrigatória = (Número de acidentes de trabalho de comunicação obrigatória/Total de Horas Trabalhadas) x 106. Não estão incluídos trabalhadores que não sejam colaboradores do Grupo.

Índice de acidentes com consequência grave

Índice de acidentes com consequência grave (linha gráfico)
Índice de acidentes de trabalho com consequência grave (exceto óbitos) = (Número de acidentes de trabalho com consequência grave exceto óbitos/Total de Horas Trabalhadas) x 106. São considerados acidentes com consequência grave os que resultem num período de ausência do colaborador superior a 180 dias. Não estão incluídos trabalhadores que não sejam colaboradores do Grupo.

Em 2023 registaram-se menos 4,9% de acidentes de trabalho de comunicação obrigatória em Portugal, para o que contribuiu a aposta das Companhias em iniciativas que permitem promover condições de trabalho seguras e criar um ambiente de prevenção e cuidado. No entanto, devido ao volume de aberturas e remodelações de loja e da rotação de trabalhadores não colaboradores, na Polónia registou-se um ligeiro aumento no número de acidentes. Na Colômbia, a integração de um novo motivo de acidente relacionado com o esforço muscular excessivo por manipulação de cargas traduziu-se também num aumento ligeiro. Como resultado, verificou-se um aumento de 4,8% no índice de acidentes de comunicação obrigatória. O índice de acidentes de consequência grave estabilizou face ao ano anterior, mantendo-se nos 0,16.

Identificação e análise de riscos

Com o objetivo de criar e manter um ambiente de trabalho cada vez mais seguro e saudável, comprometemo-nos com a implementação de sistemas de identificação e análise de riscos, incluindo a definição e implementação de medidas que levem ao seu controlo e mitigação.

Para proceder à identificação e análise de riscos, os técnicos de SST conduzem um diagnóstico que permite quantificar a magnitude dos riscos existentes e, assim, priorizar a sua eliminação e/ou mitigação. Esta análise é realizada com base numa matriz de risco aplicada a todas as áreas e processos, através da qual se identifica a descrição dos riscos, as causas e os efeitos potenciais, o grau de exposição, severidade e risco e a proposta de resolução mais indicada.

Colaborador a ler um código de barras numa encomenda (foto)

Os riscos identificados podem ser enquadrados em sete tipologias: ambiental (físico, químico e biológico), mecânico, elétrico, de fogo e/ou explosão, ergonómico, psicossocial e organizacional. Considerando que a distribuição alimentar é a nossa área de negócio de maior dimensão, existem atividades que poderão constituir risco adicional para os colaboradores, nomeadamente para os que trabalham nos armazéns, cozinhas industriais e lojas e que lidam com a carga/descarga e armazenamento de produtos, bem como com a sua transformação (ex.: corte de peixe e carne, fabrico de pão e preparação de refeições). Os colaboradores da Jerónimo Martins Agro-Alimentar trabalham nos setores primário e secundário e estão também expostos a fatores de risco específicos1.

Os resultados obtidos pela identificação e análise de riscos contribuem para a seleção de equipamentos e instrumentos de trabalho, para a preparação de procedimentos e instruções de trabalho, para a estruturação de conteúdos formativos e para a definição de planos de ação com vista a melhorar continuamente o Sistema de Gestão de SST.

Medidas de controlo de riscos

Equipamentos de trabalho e de proteção individual

Sempre que é identificada a necessidade de adotar um novo equipamento de trabalho, os requisitos de segurança são definidos previamente e verificados após a sua instalação. São criadas e disponibilizadas instruções de trabalho que incluem ações de segurança, manuseamento, manutenção e limpeza. O fabricante/representante dos equipamentos dá, ainda, formação às equipas. A necessidade de adoção de equipamentos de proteção individual (EPI) também resulta da análise de riscos e a sua seleção é feita com base em testes de utilizadores e uma avaliação técnica.

Em Portugal, com base no feedback dado por 13.917 colaboradores, através de um questionário específico sobre o calçado no local de trabalho, substituímos quase 29 mil pares de sapatos de colaboradores, atendendo inclusivamente a necessidades ortopédicas e anatómicas específicas, com calçado feito à medida. Foram investidos 543 mil euros nesta medida. A JMA apostou na renovação do parque de equipamentos de segurança e prevenção, incluindo bacias de contenção, chuveiros de emergência, tampas para tanques de combustível, cintos de segurança, coberturas antiderrapantes e empilhadoras, num total de 230 mil euros investidos.

Na Polónia, a Hebe substituiu toda a frota de empilhadoras e os caixotes de transporte de produtos manuseados nas lojas e centro de distribuição, reduzindo a sua capacidade de peso máximo, por forma a aumentar a proteção da integridade física dos colaboradores.

Medidas de autoproteção

As Companhias disponibilizam e colocam periodicamente em prática – com o objetivo de testar a sua eficácia – medidas de autoproteção que incluem registos de segurança, planos de emergência e planos e procedimentos de prevenção.

Em Portugal, e através dos programas Segurança Máxima e Segurança em Ação, o Pingo Doce e o Recheio, respetivamente, envolveram as equipas de loja na adoção de comportamentos seguros de forma contínua no dia a dia das operações. Estes programas têm um caráter preventivo, consistindo na monitorização próxima e, quando observados comportamentos que potencialmente possam resultar em acidentes de trabalho, na intervenção imediata junto dos colaboradores.

Na Colômbia, o programa Mi CEDI Seguro (O Meu Centro de Distribuição Seguro) inclui medidas preventivas como inspeções diárias aos equipamentos e estantes, observações mensais de segurança, exercícios de aquecimento em cada turno e formação a novos colaboradores. Fazem parte deste programa brigadas de emergência, constituídas por 289 colaboradores identificados e certificados para liderar simulacros e outras iniciativas de SST, para além de prestar socorro em caso de emergência. O programa inclui ainda o mapeamento das competências de SST dos colaboradores dos centros de distribuição e a construção de planos de formação com base nos resultados dessa avaliação. Em 2023 foram mapeados 152 colaboradores. Este compromisso da Ara com a segurança e o autocuidado concretizou-se, por exemplo, no Centro de Distribuição de Cúcuta atingir em 2023 a marca de 737 dias sem acidentes, um record na Companhia. A Ara conta ainda com 413 líderes de SST identificados e capacitados em matéria de comportamentos seguros e na ferramenta de observação Atento.

Saúde

Contamos com médicos de saúde ocupacional que asseguram visitas a diferentes locais de trabalho para avaliar impactos na saúde das nossas pessoas e prescrever ações corretivas, bem como avaliações de aptidão médica.

Em Portugal, e para aumentar a frequência da realização de exames médicos, garantindo a aptidão dos colaboradores para trabalhar, tratar e prevenir doenças e lesões associadas a cada função, inaugurámos duas unidades móveis de saúde. Estas unidades são viaturas convertidas em consultórios médicos totalmente equipados, que complementam os consultórios fixos existentes em alguns locais de trabalho e se deslocam pelo país. Estas unidades móveis assistiram 3.196 colaboradores em 2023.

Em 2023 houve uma redução no número de exames médicos ocupacionais, o que se explica pelo facto de em 2020 e 2021, em plena pandemia, alguns exames terem sido suspensos, o que levou a que 2022 tivesse sido, depois, um ano de recuperação. Em 2023 regressou-se à normalização na realização de exames médicos.

 

 

Exames médicos ocupacionais

 

 

2023

 

2022

 

2021

Grupo

 

136.620

 

141.451

 

125.769

Portugal

 

36.468

 

33.914

 

30.878

Polónia

 

83.514

 

92.782

 

86.302

Colômbia

 

16.638

 

14.755

 

8.589

Formação e sensibilização

Para promover a prevenção e a adoção de comportamentos seguros, o plano geral de formação e os seus conteúdos são revistos anualmente. A formação é dada em diferentes momentos da carreira do colaborador, como a admissão, mudanças de função, introdução de novos equipamentos ou modificação dos existentes. De acordo com cada função e os riscos a ela associados, os colaboradores acedem ainda a percursos formativos predefinidos.

Na Polónia destaca-se a Biedronkowa Akademia Zdrowia (Academia de Saúde da Biedronka), focada na prevenção de doenças profissionais. São dadas sessões de formação em saúde e segurança por fisioterapeutas que ensinam os colaboradores a prevenir problemas musculoesqueléticos, bem como são realizadas consultas de fisioterapia e praticados exercícios de aquecimento diários. Em 2023 foram formados 2.886 colaboradores e dadas 31.986 consultas (20,7% mais do que em 2022). A Companhia tem também em vigor um programa de prevenção que consiste em campanhas educativas e sessões de formação sobre as causas mais comuns dos acidentes de trabalho e formas de os reduzir, tendo alcançado 79.268 colaboradores.

A Hebe tem um canal na plataforma interna EducAção dedicado à sensibilização para temas de SST, onde disponibiliza vídeos de curta duração acerca da prevenção de acidentes, comportamentos seguros e instruções de segurança. Foi também implementada formação em primeiros-socorros dirigida às lojas através de vídeos que reuniram 1.441 visualizações, e aos colaboradores com viatura da Companhia.

Em Portugal, foi criado o programa Impacto, que consiste num conjunto de sessões de formação promovidas por técnicos de segurança das Companhias. Em 5.096 horas de formação, 728 delegados de segurança aprenderam a motivar as equipas com quem trabalham a adotar comportamentos seguros e a cultivar uma abordagem de cuidado.

 

 

Colaboradores formados em SST

 

Volume de formação em SST(i)

 

 

2023

 

2022

 

2021

 

2023

 

2022

 

2021

Grupo

 

63.221

 

76.875

 

60.785

 

388.831

 

444.494

 

337.079

Portugal

 

23.109

 

25.192

 

22.400

 

72.062

 

74.902

 

62.034

Polónia

 

30.807

 

40.133

 

33.277

 

274.655

 

335.216

 

240.266

Colômbia

 

9.305

 

11.550

 

5.108

 

42.115

 

34.376

 

34.779

Notas:

(i)

Volume de formação – número de horas realizadas multiplicado pelo número de participantes em formação.

Melhoria contínua do sistema de gestão de saúde e segurança no trabalho

A verificação e a revisão do nosso sistema de gestão de SST permitem-nos confirmar a implementação e a eficácia das medidas de controlo de riscos, numa perspetiva de melhoria contínua.

Auditorias – Abordagem sistemática para a identificação e análise dos fatores que podem levar a incidentes/acidentes, monitorização dos mecanismos de resolução, comunicação às partes interessadas dos resultados e desenvolvimento e acompanhamento de planos de ação até à sua conclusão.

Simulacros – Confirmação periódica da adoção de medidas de autoproteção, de forma a identificar potenciais desvios e aumentar capacidade de resposta a uma emergência, através da estruturação e acompanhamento de um plano de ação corretiva.

 

 

Auditorias

 

Simulacros

 

 

2023

 

2022

 

2021

 

2023

 

2022

 

2021

Grupo

 

11.002

 

9.661

 

9.625

 

4.797

 

4.129

 

3.330

Portugal

 

601

 

570

 

567

 

262

 

277

 

265

Polónia

 

9.121

 

8.127

 

8.297

 

3.252

 

2.908

 

2.231

Colômbia

 

1.280

 

964

 

761

 

1.283

 

944

 

834

Investigação de acidentes – Reporte e descrição dos factos, incluindo a sequência lógica de eventos, a determinação da causa-raiz, identificação de fatores contribuidores, identificação de falhas no sistema de gestão de SST e desenho, acompanhamento e reporte do plano de ação corretiva.

Consulta e envolvimento dos colaboradores – As nossas Companhias têm diferentes mecanismos de escuta dos seus colaboradores para temas de SST. Em Portugal, os colaboradores são convidados a dar a sua opinião em dois questionários por ano. A Biedronka conta com uma comissão de SST, que se reúne mensalmente, e na qual participam representantes dos colaboradores; conta ainda com 17 equipas regionais responsáveis pela implementação e manutenção do sistema de SST. Na Hebe existe um comité de SST, composto por representantes da gestão da empresa e dos colaboradores, com reuniões de periodicidade trimestral. Na Colômbia, o comité de SST assegura o conhecimento sobre situações que possam prejudicar a saúde e a segurança dos colaboradores.

Certificação dos sistemas de gestão de SST – A certificação dos sistemas de SST permite um alinhamento com requisitos e padrões internacionais de qualidade e uma orientação para a melhoria contínua da forma como atuamos neste âmbito. Na Biedronka, este sistema é certificado pela ISO 45001:2018, cobrindo a totalidade dos 3.369 locais de trabalho (lojas, centros de distribuição, fábrica de sopas e escritórios), tendo sido implementadas 1.453 novas instruções de melhoria na proteção das equipas no decorrer do ano. Em Portugal, a fábrica de produção de laticínios da Terra Alegre tem o seu sistema de gestão de SST certificado pela ISO 45001:2019. Em ambos os casos, a certificação é válida para todos os colaboradores e trabalhadores não colaboradores.

1 Os riscos profissionais destes locais de trabalho e das tarefas neles desenvolvidas passam, entre outros, pela exposição a ambientes térmicos desfavoráveis, com possíveis lesões vasculares, pelo esforço físico, com possíveis lesões musculosqueléticas, e pelo contacto com máquinas, com possíveis traumatismos, feridas e eletrocussões.

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