Relatório e Contas 2023

Práticas de promoção de bem-estar animal

Reconhecemos os animais como seres sencientes e promovemos, junto dos nossos fornecedores de Marca Própria e perecíveis e nas nossas unidades de produção, práticas alinhadas com as cinco liberdades do bem-estar animal: (i) livre de fome e sede; (ii) livre de desconforto; (iii) livre de dor, sofrimento e doença; (iv) livre para manifestar o seu comportamento normal; e (v) livre de medo e angústia.

Com base nestes princípios, definimos normas de atuação aplicáveis às nossas unidades de produção e a todas as espécies de animais que comercializamos e que possam igualmente estar presentes nos nossos produtos de Marca Própria e perecíveis nos três países onde temos operações, com destaque para:

  • a proibição de substâncias promotoras do crescimento (hormonas e substâncias beta-agonistas);
  • a restrição da utilização de antibióticos apenas a fins terapêuticos, nunca preventivos ou para promover o crescimento;
  • o atordoamento obrigatório de todos os animais antes do abate1;
  • a proibição da realização de testes em animais no processo de desenvolvimento dos nossos produtos2;
  • a não utilização de ingredientes ou aditivos transgénicos ou geneticamente modificados, incluindo o recurso a técnicas de clonagem, de origem vegetal ou animal.

A nossa Política de Organismos Geneticamente Modificados3 (OGM) determina que as Companhias devem:

  • colaborar com os fornecedores para compreenderem os processos de produção e avaliarem os padrões de segurança e de qualidade por eles implementados;
  • realizar análises laboratoriais regulares, recorrendo a entidades independentes e acreditadas;
  • garantir junto dos fornecedores a identificação e rastreabilidade de OGM nos casos em que não seja possível a sua substituição;
  • assegurar o direito dos consumidores à informação sobre a presença de OGM através da rotulagem dos produtos4.

O cumprimento destes princípios é assegurado através da realização de testes laboratoriais5 regulares e de auditorias de qualidade e segurança alimentar6 aos fornecedores e nos matadouros utilizados pelas nossas Companhias em Portugal, na Polónia e na Colômbia, complementados por iniciativas de formação e sensibilização7. Estes temas são ainda incluídos na ordem de trabalhos dos Comités de Sustentabilidade de cada uma das Companhias. Nestas reuniões são discutidas estratégias de atuação e definidos objetivos de desempenho, cujos resultados são divulgados publicamente, como forma de implementar oportunidades de melhoria contínua. Como exemplo, destacamos a inclusão de critérios de bem-estar animal nas auditorias de qualidade e segurança alimentar à categoria de perecíveis de carne, assim como os novos objetivos de bem-estar animal para o triénio 2024-20268.

Práticas adotadas no transporte e abate de animais

Em Portugal, implementamos medidas de monitorização dos fornecedores de perecíveis, através da avaliação de indicadores críticos para assegurar o bem-estar animal. Por exemplo, como forma de avaliar as condições de transporte de animais, monitorizamos a duração média de transporte e a taxa de mortalidade durante este processo.

Tempo médio de viagem até ao matadouro em Portugal – Categoria perecíveis

(horas)

Tempo médio de viagem até ao matadouro em Portugal – Categoria perecíveis (gráfico de barras)

Taxa de mortalidade associada à viagem até ao matadouro em Portugal - Categoria perecíveis

Taxa de mortalidade associada à viagem até ao matadouro em Portugal - Categoria perecíveis (gráfico de barras)

Desde 2021, que o tempo médio de transporte em Portugal é inferior a 4,5 horas, abaixo das 8 horas definidas na legislação como limite máximo recomendado. Relativamente às condições do transporte, a reduzida taxa de mortalidade (inferior a 0,25% em todas as espécies animais) sugere que não são induzidos níveis excessivos de desconforto, dor ou sofrimento aos animais. O nosso objetivo é alargar progressivamente esta análise aos outros países onde temos operações.

No que diz respeito às práticas utilizadas pelos fornecedores de perecíveis nos matadouros em Portugal, 100% dos animais foram abatidos com atordoamento e mais de 98% dos atordoamentos foram eficazes na primeira tentativa (+0,3 p.p. face a 2022).

Práticas adotadas na produção de carne, laticínios e ovos frescos

No nosso sortido de Marca Própria e perecíveis, integramos produtos e ingredientes de origem animal que respeitam as práticas de bem-estar animal. Procuramos ainda informar e sensibilizar os consumidores para este tema através da utilização de rótulos nos produtos e da comunicação em loja, nos folhetos comerciais, nos websites e nas redes sociais. De seguida, destacamos algumas destas iniciativas.

Carne bovina

Em 2023, no Pingo Doce, mantivemos a comercialização de angus de Marca Própria com dupla certificação de produção livre de antibióticos e de bem-estar animal (obtida de acordo com o referencial internacional Welfare Quality e ostentando o selo Welfair™), bem como a carne bovina de produção biológica. Neste último caso, é ainda assegurado o cumprimento dos critérios da certificação, como o acesso do animal ao exterior, a alimentação sem OGM e o regime de pastoreio. Em conjunto, a carne angus e a carne bovina de produção biológica representaram 13% das vendas, em peso, na categoria de perecíveis de bovino.

Vacas de diferentes cores e tamanhos entre árvores (foto)

Frango

A Biedronka manteve no seu sortido frangos do campo de produção 100% nacional, criados sem antibióticos e alimentados com rações sem OGM. A idade mínima de abate é de 70 dias (mais 14 que a média do mercado), têm acesso ao exterior e a densidade é inferior a 30 kg/m2, disponibilizando até dez vezes mais área face ao frango convencional. Adicionalmente, a Biedronka manteve no seu sortido carne de frango convencional livre de antibióticos e também de produção 100% nacional.

Frango embalado (foto)

No Pingo Doce e no Recheio, os frangos do campo são de produção 100% nacional. Apresentam uma idade mínima de abate de 81 dias e são criados ao ar livre com uma densidade máxima de 25 kg/m2. Ambas as Companhias mantiveram no sortido o Frango da Quinta Best Farmer, produzido maioritariamente ao ar livre e com uma área por animal 30% superior à disponibilizada na produção de frango do campo (equivalente a uma densidade máxima de 25 kg/m2). A produção é livre de antibióticos e certificada em bem-estar animal, de acordo com o selo Welfair™ (baseado no referencial internacional Welfare Quality), não sendo praticado o desbaste durante a produção. Quer no frango do campo quer no Frango da Quinta, os animais têm acesso a um ambiente natural ao ar livre.

A comercialização de frango do campo, de frango certificado em bem-estar animal e de frango livre de antibióticos na Biedronka, Pingo Doce e Recheio representa 6%, em peso, do total de vendas desta categoria de perecíveis.

Laticínios

A gama de leite fresco Pingo Doce manteve a certificação em bem-estar animal segundo o protocolo Welfare Quality com o selo Welfair®, certificado pela AENOR. O protocolo segue quatro princípios essenciais: boa alimentação, bom alojamento, boa saúde e comportamento apropriado dos animais. Esta certificação assegura também que as vacas leiteiras estão livres de amarras e cortes de cauda. Mais de 90% dos produtores que abastecem a fábrica de laticínios da Terra Alegre mantiveram esta certificação.

Vaca a ser escovada através de um sistema automático (foto)

Ovos de galinhas não enjauladas

Temos o compromisso de assegurar que, até 2025, todos os ovos frescos de Marca Própria são provenientes de galinhas não enjauladas. São aceites três sistemas de produção: criadas no solo, criadas ao ar livre e criadas ao ar livre em modo de produção biológica. Estes sistemas definem critérios para promover o bem-estar animal e exigem, entre outras condições, mais área disponível por galinha, fardos de palha para que os animais os possam bicar, maior liberdade de movimentos e existência de poleiros.

Cliente com uma caixa de ovos nas mãos (foto)

Em 2023, 98% dos ovos frescos de Marca Própria (+0,4 p.p. do que em 2022) eram provenientes de galinhas não enjauladas. A Biedronka9 atingiu a meta dos 100% no final de 2022, tal como o Pingo Doce já a tinha alcançado em agosto de 2019. No caso do Recheio, verificou-se um aumento de 7 p.p., tendo terminado o ano com 35% das vendas de ovos frescos de Marca Própria a serem provenientes de galinhas não enjauladas. A Ara não tem no seu sortido ovos frescos de Marca Própria.

Ovos frescos de marca própria de galinhas não-enjauladas

por companhia

Ovos frescos de marca própria de galinhas não-enjauladas (gráfico de barras)

Para facilitar a transição para o fim das jaulas, as Companhias do Grupo têm trabalhado de perto com os seus fornecedores. No caso dos ovos frescos de Marca Própria, este envolvimento inclui a procura por novos locais de produção e a visita das equipas de qualidade e segurança alimentar, de modo a garantir que os produtores respondem aos critérios exigidos. A adoção de sistemas de produção alternativos às gaiolas requer também tempo para que os fornecedores possam melhorar os seus sistemas de produção, ou construir novas instalações. Também neste caso, privilegiámos a produção local, tendo assegurado que mais de 95% dos ovos frescos provenientes de galinhas não enjauladas que comercializamos nas nossas Marcas Próprias são de origem local.

Sistemas de produção de ovos frescos de marca própria

(2019-2023)

Sistemas de produção de ovos frescos de marca própria (gráfico de barras)

Sempre que possível, eliminamos a incorporação de ovos frescos provenientes de galinhas enjauladas também nos produtos de Marca Própria que utilizam ovos como ingrediente. No caso da Biedronka, desde 2022 que são utilizados ovos provenientes de galinhas não enjauladas em 100% do sortido de Marca Própria que contém ovo como ingrediente. Também o Pingo Doce e o Recheio têm feito progressos, terminando o ano com 61% (+10 p.p. face a 2022) e 39% (+4 p.p. face a 2022), respetivamente, do sortido de Marca Própria que contém este ingrediente livre de ovos provenientes de galinhas enjauladas.

Práticas adotadas na Jerónimo Martins Agro-Alimentar (JMA)

A JMA é uma Companhia do Grupo especializada em produção alimentar que também abastece as nossas operações de distribuição. Conta com quatro áreas de negócio: (i) laticínios; (ii) agropecuária (produção e engorda de carne bovina angus, produção de ovinos e produção de leite); (iii) aquacultura (robalo e dourada); e (iv) fruta e vegetais (uva sem grainha, laranja, ambas biológicas, frutos de caroço e mandarina Tango).

Uma pessoa no campo no meio das vacas (foto)

A carne bovina de raça aberdeen angus é produzida pela JMA numa área maior ou igual a 6,5 m2 por animal, com piso de cimento rasgado ou borracha para evitar que os animais escorreguem e se magoem. É ainda garantida a reposição diária de palha fresca nas camas para promover o conforto e bem-estar.

Na vacaria disponibilizamos pelo menos uma cama por vaca e 60 cm de espaço de comedouro. Todos os animais têm acesso a escovas automáticas de massagem e a música ambiente para reduzir o stress, bem como a áreas de pastagem. Existe também um sistema de arrefecimento automático, que aciona ventoinhas e chuveiros para refrescar os animais, que têm um colar de monitorização de atividade que permite, através de alterações de comportamento, diagnosticar patologias precocemente, contribuindo para a redução da utilização de fármacos.

As unidades de vacaria e de produção angus garantem:

  • a vacinação e desparasitação de 100% dos animais;
  • 100% dos animais livres de mutilações (como corte de caudas e remoção de chifres) e liberdade de movimentos (livres de amarras);
  • sistema de arrefecimento automático com ventoinhas que promovem a circulação de ar e reduzem a concentração de amoníaco;
  • formação obrigatória em bem-estar animal a todos os colaboradores em contacto com os animais;
  • a proibição da utilização de choques elétricos, paus ou qualquer sistema que possa ferir os animais na sua condução e maneio.

Na produção de ovinos é garantida uma área mínima de 0,6 m2 por animal, acima da recomendação de boas práticas de 0,5 m2, e uma alimentação à base de forragem (fonte de fibra) e concentrado. Nenhum dos animais é castrado nem apresenta dificuldades de locomoção.

A JMA manteve a certificação para a utilização responsável de antibióticos nas suas operações de produção de carne bovina e na vacaria o que garante que a utilização de antibióticos é restringida apenas a fins terapêuticos. Estas unidades viram também renovada a sua certificação em Bem-Estar Animal Welfair™ de acordo com o referencial europeu Welfare Quality. Também a produção de ovinos tem certificação em bem-estar animal Welfair™ com base no referencial AWIN®.

Na aquacultura de robalo e dourada, asseguramos a vacinação de 100% dos peixes que se desenvolvem em zonas de mar aberto com correntes constantes que garante uma boa circulação e qualidade da água. Nas nossas operações de aquacultura, 100% dos animais estão livres de mutilações (ex.: corte de barbatanas). No abate recorre-se à utilização de água gelada para arrefecimento rápido da temperatura corporal por forma a insensibilizar o animal.

Em 2023, a JMA reforçou a participação financeira para 25% na Andjford Salmon, empresa que desenvolveu um sistema inovador para a produção sustentável de salmão na Noruega.

Mais informação disponível no website corporativo, na área “Bem-Estar Animal”.

1 Excetuam-se os rituais religiosos certificados, como halal ou kosher (representam menos de 5% do total de vendas).

2 Exceção para os produtos de alimentação animal (são realizados testes sensoriais com o intuito de avaliar o grau de satisfação da população-alvo) e também em produtos para controlar ou eliminar espécies parasitárias e/ou superpopulações que possam ser fontes de contaminação ou doença (ex.: insetos).

3 Enquadrada na nossa Política da Qualidade e Segurança de Produto, disponível no nosso website corporativo na área de “Responsabilidade”.

4 Asseguramos a sua divulgação no estrito cumprimento do limite aplicado pelo Grupo de, no máximo, 0,1% (limite de quantificação do método). O limite permitido na legislação Europeia é de 0,9%.

5 Em 2023 o Grupo realizou mais de 1.979 análises a OGM no seu laboratório de Biologia Molecular. Para mais informações sobres estas auditorias consulte a “Qualidade e segurança alimentar”.

6 Para mais informações sobres estas auditorias consulte a “Seleção e acompanhamento de fornecedores”.

7 Para mais informações sobres estas auditorias consulte a “Sensibilização e formação a fornecedores”.

8 Para mais informações sobres estas auditorias consulte a “Compromissos para 2024-2026”.

9 A Biedronka alargou este objetivo a todo o sortido de ovos frescos, incluindo assim Marca Própria e marca de fornecedor.

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