O ano de 2023 ficou marcado por um contexto internacional de grande instabilidade, nomeadamente com a persistência da guerra entre a Rússia e a Ucrânia e o eclodir de um conflito entre Israel e o Hamas no início do último trimestre do ano, e também por níveis ainda elevados de inflação e taxas de juro. São fatores que aumentam a incerteza e trazem dificuldades acrescidas ao caminho já de si muito desafiante que as empresas tentam fazer para assegurar o cumprimento de ambiciosas metas de sustentabilidade, definidas, na grande maioria dos casos, de forma voluntária. Por exemplo, o facto de muitos países terem ensaiado um regresso a fontes de energia como o carvão tornou mais difícil – e mais dispendioso – o acesso a energia de fontes renováveis. Também o cenário de elevadas taxas de juro que se tem vivido ao longo dos últimos dois anos torna mais difícil manter os investimentos necessários para tornar as empresas mais sustentáveis. Para além de pressionar os orçamentos das famílias, já a braços com a inflação, aumentando ainda mais a sua sensibilidade ao preço.
Apesar desta conjuntura, em 2023, continuámos a investir no crescimento sustentável dos nossos negócios e, pelo quarto ano consecutivo, somos o retalhista alimentar a nível mundial com melhor classificação pelo CDP (Disclosure Insight Action), na sequência da classificação máxima (A) que obtivemos no combate às alterações climáticas e do nível de liderança (A-) que alcançámos na gestão da água enquanto recurso crítico e na gestão das matérias-primas mais associadas ao risco de desflorestação (óleo de palma, papel/madeira, gado bovino e soja).
A nossa pegada carbónica prosseguiu numa trajetória de redução e, durante 2023, emitimos, em termos absolutos, menos 24% de CO2 do que em 2017 (âmbitos 1 e 2), o ano base para avaliarmos o grau de cumprimento do objetivo neste indicador. Além disso, diminuímos a nossa pegada carbónica por cada 1.000 euros de vendas em 60% face a 2017, superando largamente o objetivo de 40% a que nos tínhamos proposto. Este desempenho compara com um crescimento de 88% das vendas no mesmo período.
No final de 2023 cerca de 780 lojas e centros de distribuição estavam equipados com painéis fotovoltaicos destinados a produzir energia para autoconsumo. Também as nossas duas maiores Companhias estiveram em destaque na iniciativa Lean & Green: a Biedronka manteve a sua estrela e o Pingo Doce alcançou as quatro estrelas, sendo a primeira empresa portuguesa e a quarta a nível europeu a consegui-lo.
As nossas boas práticas têm vindo a ser reconhecidas internacionalmente e, em 2023, estávamos incluídos em mais de 130 índices de sustentabilidade, entre os quais o Eurozone 120 e Europe 120, ambos da Euronext Vigeo-Eiris, e os índices FTSE4Good Developed e FTSE4Good Europe.
A qualidade e segurança alimentar manteve-se como um tema muito relevante para os nossos stakeholders, que ouvimos num novo exercício de auscultação, desta vez com análise de dupla materialidade (impacto e financeira), em linha com as exigências da União Europeia. Neste aspeto, o peso dos produtos de Marca Própria e perecíveis com certificação de sustentabilidade aumentou e já representa 13,4% dessas categorias (era 8,4% em 2022). Mais de 90% das compras de produtos alimentares foram feitas a fornecedores locais. Em Portugal, o Pingo Doce foi o primeiro e o único retalhista alimentar a retirar os intensificadores de sabor, já depois de, no ano de 2022, ter conseguido remover os corantes artificiais, de todos os produtos de Marca Própria. Foi também o primeiro a vender frango nacional certificado em produção livre de antibióticos e em bem-estar animal. Nos três países onde temos operações, as reformulações nutricionais dos produtos alimentares das nossas Marcas Próprias evitaram o consumo de 130,2 toneladas de açúcar, 62,8 de gorduras e 25,2 de sal.
Internamente, investimos 312 milhões de euros em medidas de reconhecimento atribuídas aos nossos colaboradores, que foram também os destinatários de 36,3 milhões de euros alocados a programas de responsabilidade social e 7,9 milhões de euros em medidas de bem-estar. Em Portugal, fomos distinguidos como Marca Empregadora Inclusiva, o que acontece pelo terceiro ano consecutivo para a holding do Grupo (tendo obtido este ano, pela primeira vez, o selo de excelência) e para o Recheio. Pela primeira vez, também o Pingo Doce recebeu esta distinção.
As nossas insígnias reforçaram ainda o trabalho realizado junto das comunidades envolventes às respetivas lojas e centros de distribuição. Em 2023, o valor dos apoios diretos concedidos em dinheiro e em géneros ascendeu a mais de 87 milhões de euros, um aumento de cerca de 6% face a 2022.