Relatório e Contas 2023

Pescado sustentável

A par do combate à poluição por plástico e da implementação de boas práticas de produção ao longo da cadeia de abastecimento, a nossa Estratégia de Pescado Sustentável também contribui para o combate à poluição e à sobre-exploração do meio aquático. A forma como as Companhias seguem esta Estratégia é uma garantia de que as Marcas Próprias e os perecíveis de pescado não contribuem para a sobre-exploração, a depleção ou a extinção de espécies aquáticas1.

Bancada da peixaria num supermercado  (foto)

Em 2023, fomos fiéis ao compromisso de avaliar anualmente o nível de risco de todas as espécies de pescado presentes nos sortidos de Marca Própria e perecíveis do Grupo, num claro reforço da autoexigência relativamente à periodicidade de três em três anos que esteve em vigor até 2021. Comercializámos mais de 210 espécies de pescado, mantendo o investimento na diversificação do nosso sortido como forma de reduzir a pressão sobre as espécies de pescado mais consumidas.

Origem do pescado de marcas próprias e perecíveis

em kg (2023)

Origem do pescado de marcas próprias e perecíveis (gráfico circular)

A parcela do pescado de origem selvagem aumentou ligeiramente face a 2022 (+3 p.p.). Mais de 30% da quantidade de pescado comercializado nas nossas lojas teve origem em produção de aquacultura, um sistema que pode contribuir para reduzir a pressão sobre os stocks de pescado selvagem, particularmente em espécies mais apreciadas pelos consumidores, como o salmão, a dourada, o camarão, a truta e o robalo.

Relativamente ao nível de conservação de cada uma destas espécies, recorremos aos dados do IUCN para o pescado com origem selvagem2, atualizados em abril de 2023. O IUCN categoriza os diferentes níveis de ameaça da seguinte forma: Vulnerável (menor nível de risco), Em Perigo (risco intermédio) e Criticamente em Perigo (risco máximo)3. Os níveis de classificação Não Avaliada, Dados Insuficientes, Menor Preocupação ou Quase Ameaçada não são, assim, relativos a categorias ameaçadas.

Conservation status of wild fish species

in kg (2022-2023)

Conservation status of wild fish species (gráfico circular)

Em 2023, 35% do pescado de origem selvagem nas nossas Marcas Próprias e perecíveis foi classificado dentro da categoria Vulnerável (a que representa o menor nível de risco) e mais de 55% das nossas compras de pescado selvagem não apresenta risco de conservação (categorias Quase Ameaçada e Menor Preocupação). Na categoria Em Perigo, foi verificada a compra de uma espécie de solha, Hippoglossoides platessoides, representando menos de 0,1% do total de compras (em kg). Contudo, a sua aquisição foi feita antes da atualização do estatuto do nível de conservação por parte do IUCN, pelo que se considera como integral o cumprimento da nossa Estratégia de Pescado Sustentável. Não foram verificadas compras para a categoria de risco Criticamente em Perigo.

A tabela seguinte mostra o grau de cumprimento dos compromissos em cada um dos três níveis de risco de conservação da escala4.

Classificação de risco IUCN

 

Compromisso

 

Cumprimento em 2023

Criticamente em Perigo

 

Proibir a compra e venda das espécies classificadas com este nível de risco e para as quais não existam licenças extraordinárias que o permitam ou para as quais não é assegurada aquacultura para todo o ciclo de vida. Apenas a enguia-europeia (Anguilla anguilla)1 tinha este nível de risco. Não é comercializada nas nossas lojas desde 2016. Na revisão efetuada em 2022 foram identificadas duas outras espécies comerciais com este nível de risco: esturjão (Acipenser baerii) e perna de moça (Galeorhinus galeus). Em 2023, apenas a espécie Acipenser baerii foi comercializada, tendo sido garantida a origem de aquacultura para todo o ciclo de vida.

 

100%

Em Perigo

 

Proibir a comercialização das espécies classificadas com este nível de risco sempre que não sejam 100% provenientes de aquacultura e/ou de stocks geridos de forma sustentável e/ou que não apresentem certificado de sustentabilidade (ex.: MSC ou ASC). Na avaliação de 2023 identificámos sete espécies, às quais aplicamos esta linha de ação: tubarão anequim (Isurus oxyrinchus); peixe panga (Pangasianodon hypophthalmus)2; cação liso (Mustelus mustelus); pescada negra (Merluccius senegalensis); raia curva (Raja undulata), raia de São Pedro (Raja circularis) e solha americana (Hippoglossoides platessoides)3.

 

100%

Vulnerável

 

Limitar as ações promocionais das espécies classificadas com este nível de risco, sempre que não sejam provenientes de aquacultura e/ou de stocks geridos de forma sustentável e/ou que não apresentem certificado de sustentabilidade (ex.: MSC ou ASC). Na avaliação de 2023, identificámos 20 espécies às quais aplicámos esta linha de ação.

 

100%

1

Apesar de a enguia-europeia ser proveniente de aquacultura, estes sistemas de produção dependem da recolha de “juvenis” (enguias-de-vidro) dos meios naturais, continuando a exercer pressão sobre as populações selvagens.

2

100% proveniente de aquacultura.

3

Em 2023, o nível de risco de conservação da espécie Hippoglossoides platessoides (solha americana) foi revisto de não ameaçado (“Menor preocupação”) para risco médio (“Em perigo”). Esta revisão foi incluída na nova Instrução de Serviço de 2023 e as quantidades comercializadas em 2023 dizem respeito ao fornecimento das quantidades que haviam sido acordadas com os fornecedores em 2022, quando esta espécie se encontrava classificada como “Menor preocupação”. Por este motivo, considera-se que a instrução de serviço foi cumprida.

Em 2023, os stocks de bacalhau na área costeira do mar da Noruega, Spitzberg e Ilha dos Ursos (FAO 27.2) e de atum-patudo do Atlântico mantiveram-se inalterados face a 2022 sendo necessário continuar a acompanhar a sua evolução e o cumprimento do seu plano de gestão nos próximos anos.

1 Este compromisso também se encontra formalizado na Política de Compras Sustentáveis de Jerónimo Martins, disponível no nosso website corporativo, na página “Comprar com Responsabilidade”, e na página “Pescado Sustentável”.

2 Para esta avaliação são utilizados os dados de 2023 da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN provenientes da Ferramenta Integrada de Avaliação da Biodiversidade (IBAT) (http://www.ibat-alliance.org). Esta é fornecida pela BirdLife International, Conservation International, IUCN e UNEP-WCMC.

3 Para efeitos desta análise não é considerado o nível Extinto no Estado Selvagem, uma vez que o universo analisado é pescado no estado selvagem.

4 Mais informação em www.iucn.org.

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