Relatório e Contas 2024

Bem-estar animal

Reconhecemos os animais como seres sencientes e, como tal, em colaboração com os nossos fornecedores de Marca Própria e perecíveis, e nas nossas unidades de produção, promovemos práticas que respeitem as cinco liberdades do bem-estar animal: i) livre de fome e sede; ii) livre de desconforto; iii) livre de dor, sofrimento e doença; iv) livre para manifestar o seu comportamento normal; e (v) livre de medo e angústia.

Uma mulher ajoelha-se e alimenta uma vaca num estábulo (foto)

Com base nestes princípios, definimos diretrizes operacionais para as nossas unidades de produção e para todas as espécies de animais que comercializamos e que possam igualmente estar presentes nos nossos produtos de Marca Própria e perecíveis, nos países onde operamos. As principais diretrizes incluem:

  • a proibição de substâncias promotoras do crescimento (hormonas e substâncias beta-agonistas);
  • a restrição da utilização de antibióticos apenas a fins terapêuticos, nunca preventivos ou para promover o crescimento;
  • o atordoamento obrigatório de todos os animais antes do abate, com exceção dos rituais religiosos certificados, como halal ou kosher (representam menos de 5% do total de vendas);
  • a proibição da realização de testes em animais no processo de desenvolvimento dos nossos produtos, com exceção dos produtos de alimentação animal (são realizados testes sensoriais para avaliar o grau de satisfação da população-alvo) e dos produtos para controlar ou eliminar espécies parasitárias e/ou superpopulações que possam ser fontes de contaminação ou doença (ex.: insetos).
  • a não utilização de ingredientes ou aditivos transgénicos ou geneticamente modificados, incluindo o recurso a técnicas de clonagem, de origem vegetal ou animal.

A nossa Política de Organismos Geneticamente Modificados1 (OGM) determina que as Companhias devem:

  • colaborar com os fornecedores para compreenderem os processos de produção e avaliarem os padrões de segurança e de qualidade por eles implementados;
  • realizar análises laboratoriais regulares, recorrendo a entidades independentes e acreditadas;
  • garantir junto dos fornecedores a identificação e rastreabilidade de OGM nos casos em que não seja possível a sua substituição;
  • assegurar o direito dos consumidores à informação sobre a presença de OGM através da rotulagem dos produtos2.

Para garantir a conformidade com estes princípios, realizamos testes laboratoriais regulares e auditorias de qualidade e segurança alimentar, com a inclusão de critérios de bem-estar animal, aos fornecedores e matadouros utilizados pelas nossas Companhias de distribuição alimentar em Portugal, na Polónia e na Colômbia. Estas ações são complementadas por iniciativas de formação e sensibilização junto dos nossos fornecedores. Em 2024 o Grupo realizou mais de 2.060 análises a OGM no seu laboratório de Biologia Molecular. Para mais informações sobres estas auditorias consulte a página “Análises de produto”.

Estes temas são ainda abordados nas reuniões de Comités de Sustentabilidade de cada Companhia, onde se discute estratégias de atuação e são definidos objetivos de desempenho. Os resultados são divulgados publicamente para permitir o acompanhamento do progresso da implementação de oportunidades de melhoria contínua. Apesar de não ter sido identificado como um tópico material na nossa matriz de dupla materialidade, para o período de 2024-2026, assumimos objetivos específicos com vista a continuar a melhorar as nossas práticas de bem-estar animal. As nossas metas de bem-estar animal estão detalhadas neste capítulo, no subcapítulo 6 “Compromissos de Sustentabilidade”. Em 2024, destacamos o facto de, na Polónia e em Portugal, pela primeira vez, termos realizado auditorias de bem-estar animal ao peixe fresco de aquacultura, de acordo com a norma de “Fish Welfare” desenvolvida por Jerónimo Martins. Cumprimos ainda o objetivo de, até ao final de 2024, inspecionar 100% das explorações de ovos frescos que fornecem a Marca Própria da Biedronka.

Para mais informações sobres estas auditorias, as ações que desenvolvemos junto dos nossos fornecedores e os resultados alcançados, consulte a página “Seleção e acompanhamento de fornecedores”.

Práticas adotadas no transporte e abate de animais

Nos países onde operamos, implementamos um sistema de monitorização dos fornecedores de perecíveis, focado em indicadores que nos permitem avaliar o bem-estar animal. Por exemplo, de modo a caracterizar as condições de transporte de animais, analisamos a duração média de transporte e a taxa de mortalidade durante este processo.

Portugal

Tempo médio de viagem até ao matadouro em Portugal - Categoria Perecíveis

Tempo médio de viagem até ao matadouro em Portugal - Categoria Perecíveis (gráfico de barras)

Taxa de mortalidade associada à viagem até ao matadouro em Portugal - perecíveis

Taxa de mortalidade associada à viagem até ao matadouro em Portugal - perecíveis (gráfico de barras)

Tendo em consideração o limite máximo recomendado para o tempo médio de transporte de 8 horas, em Portugal desde 2021 que nos conseguimos manter abaixo deste valor e sempre abaixo das 4 horas.

A taxa de mortalidade tem-se mantido abaixo de 0,25% em todas as espécies animais, sugerindo não haver níveis excessivos de desconforto, dor ou sofrimento.

Relativamente às práticas utilizadas pelos fornecedores de perecíveis nos matadouros em Portugal, 100% dos animais foram abatidos com atordoamento e aproximadamente 99% dos atordoamentos foram eficazes na primeira tentativa (+0,2 p.p. face a 2023).

Colômbia

Tempo médio de viagematé ao matadouro em Colômbia - perecíveis

Tempo médio de viagematé ao matadouro em Colômbia - perecíveis

Taxa de mortalidade associada à viagem até ao matadouro na Colômbia - perecíveis

Taxa de mortalidade associada à viagem até ao matadouro na Colômbia - perecíveis

Em 2024 iniciámos os nossos esforços de controlo e monitorização dos indicadores-chave em matéria de bem-estar animal na Colômbia. Para as três espécies que comercializamos (bovino, frango e suíno), o tempo médio de transporte ficou muito abaixo das 8 horas recomendadas (<4,5 horas).

A taxa de mortalidade associada ao transporte, é de cerca de 0,6% para suínos e menor que 0,15% para frangos, não existindo mortalidade nos bovinos. Estes resultados sugerem que os animais não foram sujeitos a níveis excessivos de desconforto, dor ou sofrimento durante o transporte.

Polónia

Na Polónia, conduzimos também em 2024 o primeiro exercício de avaliação destes indicadores junto dos nossos fornecedores mais representativos. Em relação ao tempo médio de transporte, identificámos inconsistências na recolha desta informação pelo que não foi possível reportar esta informação.

Taxa de mortalidade associada à viagem até ao matadouro na Polónia - perecíveis

Taxa de mortalidade associada à viagem até ao matadouro na Polónia - perecíveis

Ao longo de 2025 iremos melhorar os nossos sistemas de monitorização de modo a conseguirmos reportar esta informação no próximo ano.

Relativamente à taxa de mortalidade, a mesma ficou abaixo dos 0,4% em todas as espécies.

Práticas adotadas na produção de carne, laticínios e ovos frescos

No nosso sortido de Marca Própria e perecíveis, integramos produtos e ingredientes de origem animal que seguem práticas alinhadas com a produção responsável, pautada por princípios éticos de bem-estar animal. Acreditamos na importância da informação e sensibilização, e comunicamos com os nossos clientes através dos rótulos nos produtos, da comunicação em loja, dos folhetos comerciais, dos websites das Companhias e das redes sociais.

Carne bovina

Em 2024, o Pingo Doce manteve a comercialização de angus de Marca Própria com dupla certificação de produção livre de antibióticos e de bem-estar animal (obtida de acordo com o referencial internacional Welfare Quality e ostentando o selo Welfair™), bem como a carne de produção biológica. Neste último caso, é ainda assegurado o cumprimento dos critérios da certificação, como o acesso do animal ao exterior, a alimentação sem OGM e o regime de pastoreio. Em conjunto, a carne angus e a carne bovina de produção biológica representaram cerca de 5% das vendas, em peso, na categoria de perecíveis de bovino.

Vacas de pé sobre erva castanha debaixo de uma árvore com árvores ao fundo (foto)

Frango

A Biedronka manteve no seu sortido frangos do campo (Hubbard Redbro) de produção 100% nacional, criados sem antibióticos e alimentados com rações sem OGM. A idade mínima de abate é de 70 dias (mais 14 que a média do mercado), os animais têm acesso ao exterior e a densidade é inferior a 27,5 kg/m2, até dez vezes mais área disponível do que para o frango convencional. A Biedronka também manteve no seu sortido carne de frango convencional livre de antibióticos e de produção 100% nacional.

No Pingo Doce e no Recheio, os frangos do campo são de produção 100% nacional, a idade mínima de abate é 81 dias e são criados ao ar livre com uma densidade máxima de até 33 kg/m2. Ambas as Companhias mantiveram no sortido o Frango da Quinta Best Farmer (Hubbard Redbro), produzido maioritariamente ao ar livre e com uma idade média de abate de 85 dias. A produção é certificada como sendo livre de antibióticos pela AENOR e em bem-estar animal, de acordo com o selo Welfair™ (baseado no referencial internacional Welfare Quality), não sendo praticado o desbaste durante a produção. Tanto o frango do campo como o Frango da Quinta são criados com acesso ao ar livre e a luz natural.

Secção de carnes refrigeradas numa loja Pingo Doce (foto)

A comercialização de frango do campo, frango certificado em bem-estar animal e frango livre de antibióticos na Biedronka, Pingo Doce e Recheio representa 8% das vendas, em peso, desta categoria.

Laticínios

A gama de leite fresco Pingo Doce manteve a certificação em bem-estar animal segundo o protocolo Welfare Quality com o selo Welfair®, certificado pela AENOR. O protocolo segue quatro princípios essenciais: boa alimentação, bom alojamento, boa saúde e comportamento apropriado dos animais. Esta certificação assegura também que as vacas leiteiras estão livres de amarras e cortes de cauda.

Grande plano de uma mão a retirar uma garrafa de leite sem lactose de uma prateleira no Pingo Doce (foto)

Mais de 95% dos produtores que abastecem a fábrica de laticínios da Terra Alegre mantiveram esta certificação.

Ovos de galinhas não enjauladas

Mantemos o compromisso de assegurar que, até 2025, todos os ovos frescos de Marca Própria são provenientes de galinhas não enjauladas. Para facilitar a transição para o fim das jaulas, as Companhias têm trabalhado de perto com os seus fornecedores incluindo na procura por novos locais de produção e garantindo visitas por parte das nossas equipas de qualidade e segurança alimentar, de forma a garantir a conformidade com os critérios exigidos.

Uma pessoa a retirar uma caixa de Jaja de uma prateleira (foto)

Em 2024, mantivemos os 98% de ovos frescos de Marca Própria provenientes de galinhas não enjauladas. O Pingo Doce atingiu a meta dos 100% em agosto de 2019. A Biedronka fê-lo no final de 2022, tendo também estendido o compromisso às marcas de fornecedor. A Ara não tem no seu sortido ovos frescos de Marca Própria. Adicionalmente, a Ara, o Pingo Doce e o Recheio disponibilizam estas opções no seu sortido através da marca de fornecedor.

São aceites três sistemas de produção de galinhas poedeiras não enjauladas: criadas no solo, criadas ao ar livre e criadas ao ar livre em modo de produção biológico. Estes sistemas definem critérios em bem-estar animal que refletem uma melhor qualidade de vida para estes animais, com mais liberdade de movimento e uma maior possibilidade de expressar os seus comportamentos naturais face às galinhas enjauladas. O sistema de produção de ovos frescos mais adotado é o de galinhas criadas no solo.

Ovos frescos de Marca Própria de galinhas não enjauladas - por Companhia

Ovos frescos de Marca Própria de galinhas não enjauladas - por Companhia (gráfico de barras)

Sistemas de produção de ovos frescos de Marca Própria (2024)

Sistemas de produção de ovos frescos de Marca Própria (2024) (gráfico de barras)

Assumimos o compromisso de, até 2026, em Portugal e na Polónia, pelo menos 90% dos ovos utilizados como ingrediente nos produtos de Marca Própria serem provenientes de galinhas não enjauladas. Na Biedronka, desde 2022 que são utilizados ovos de galinhas não enjauladas em 100% do sortido de Marca Própria que contém ovo como ingrediente. O Pingo Doce e o Recheio continuaram a fazer progressos e terminaram 2024 com 73% (+12 p.p. face a 2023) e 41% (+2 p.p. face a 2023), respetivamente.

Na Ara foi possível monitorizar, pela primeira vez, os produtos de Marca Própria que utilizam como ingrediente ovos provenientes de galinhas não enjauladas, tendo sido apurado que 68% do sortido recorria a ovos cage-free.

Práticas adotadas na Jerónimo Martins Agro-Alimentar (JMA)

A JMA, especializada em produção alimentar também abastece as nossas operações de distribuição e conta com as seguintes quatro áreas de negócio: laticínios, agropecuária, aquacultura, fruta e vegetais.

Ovelhas num campo (foto)

Para mais informação sobre a JMA, consultar “Agroalimentar”.

A produção de carne bovina de raça aberdeen angus segue padrões que garantem o bem-estar animal. Há uma área de pelo menos 6,5 m2 por animal, o piso de cimento rasgado ou de borracha reduz o risco de escorregões e lesões, e é ainda garantida a reposição diária de palha fresca nas camas dos animais, o que promove o conforto e bem-estar.

A JMA adota ainda outras práticas de bem-estar animal nos bovinos angus:

  • pelo menos uma cama por animal;
  • 60 cm de espaço de comedouro por animal;
  • acesso a escovas automáticas de massagem e a música ambiente (para reduzir o stress);
  • acesso a áreas de pastagem para todos os animais;
  • sistema de arrefecimento automático, que aciona ventoinhas e chuveiros para refrescar os animais, que têm um colar individual de monitorização para, através de alterações de comportamento, ser possível diagnosticar patologias precocemente, o que contribui para a redução da utilização de fármacos.

As unidades de vacaria e de produção angus garantem:

  • a vacinação e desparasitação de 100% dos animais;
  • 100% dos animais livres de mutilações (como corte de caudas e remoção de chifres) e liberdade de movimentos (livres de amarras);
  • sistema de arrefecimento automático com ventoinhas que promovem a circulação de ar e reduzem a concentração de amoníaco;
  • formação obrigatória em bem-estar animal a todos os colaboradores em contacto com os animais;
  • a proibição da utilização de choques elétricos, paus ou qualquer sistema que possa ferir os animais na sua condução e maneio.

Na produção de ovinos é garantida uma área mínima de 0,6 m2 por animal, acima da recomendação de boas práticas de 0,5 m2, e uma alimentação à base de forragem (fonte de fibra) e concentrado. Nenhum dos animais é castrado nem apresenta dificuldades de locomoção.

Em 2024, a JMA manteve a certificação para a utilização responsável de antibióticos na produção de carne bovina e na vacaria, garantindo que o uso continua restrito a fins terapêuticos. As várias unidades renovaram a certificação em Bem-Estar Animal Welfair™, seguindo o referencial europeu Welfare Quality. Também a produção de ovinos tem certificação em bem-estar animal Welfair™ com base no referencial AWIN®.

Continuamos a assegurar a vacinação de 100% dos peixes (robalo e dourada) nas nossas operações de aquacultura. A produção em zonas de mar aberto com correntes constantes, garante boa circulação e qualidade da água 100% dos animais estão livres de mutilações (ex.: corte de barbatanas) e, no processo de abate, utilizamos água gelada para o rápido arrefecimento da temperatura corporal, , assegurando a sua insensibilidade no processo do abate.

1 Enquadrada na nossa Política da Qualidade e Segurança de Produto, disponível no nosso website.

2 Asseguramos a sua divulgação no estrito cumprimento do limite aplicado pelo Grupo de, no máximo, 0,1% (limite de quantificação do método). O limite permitido na legislação europeia é de 0,9%.

Bens perecíveis
Produtos com um prazo de validade limitado e que requerem um armazenamento adequado para evitar que se estraguem, por exemplo, frutas frescas, vegetais, alimentos prontos a consumir, carne e peixe vendidos ao balcão e produtos lácteos.
Dupla materialidade
Conceito utilizado no reporte de sustentabilidade que considera tanto a materialidade financeira como a materialidade de impacto de tópicos relacionados com as atividades de uma empresa. A realização de uma dupla avaliação da materialidade é obrigatória para todas as grandes empresas e todas as empresas cotadas (exceto microempresas cotadas) que divulguem informações ao abrigo da Diretiva de Reporte de Sustentabilidade Corporativa (CSRD).

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