Óleo de palma
Para a cadeia de fornecimento do óleo de palma adotámos várias medidas e definimos objetivos em conformidade com o roadmap da FPCoA. No contexto do primeiro elemento deste roadmap, focado na cadeia de fornecimento própria, o plano de ação pretende assegurar maior transparência na rastreabilidade do óleo de palma até, pelo menos, ao país de origem. Paralelamente, pretendemos garantir que a produção deste ingrediente não contribui para violações dos direitos humanos, desflorestação ou conversão de ecossistemas de alto valor de conservação (AVC), incluindo florestas com elevado teor de carbono e áreas de turfeiras.
O nosso objetivo é assegurar a origem sustentável do óleo de palma presente nos produtos comercializados em todas as nossas insígnias e, por essa razão, comprometemo-nos a garantir que, até 2025, o óleo de palma presente nos nossos produtos de Marca Própria e perecíveis não está associado nem à desflorestação nem à conversão de ecossistemas de AVC. Para cumprir esta meta, foram estabelecidas duas datas-limite a partir das quais se assegura o cumprimento dos critérios de não desflorestação e não conversão:
- Novembro de 2005 – para florestas primárias ou zonas necessárias para a proteção de áreas de AVC;
- 15 de novembro de 2018 – para as áreas de AVC e de florestas com elevado teor de carbono.

Em 2024, a utilização de óleo de palma nos nossos produtos de Marca Própria aumentou, tal como tem acontecido em anos anteriores. Esta tendência foi particularmente evidente na Ara, que utiliza cerca de 90% deste ingrediente em óleos vegetais para cozinhar – um produto muito relevante para o consumidor colombiano.
Em 2024, 100% do óleo de palma utilizado nos produtos de Marca Própria e perecíveis na Polónia e em Portugal detinha certificação RSPO (Roundtable on Sustainable Palm Oil) – a grande maioria é certificada de acordo com os modelos “Mass Balance” e “Segregated”. Esta certificação garante a implementação do consentimento livre, prévio e informado (FPIC na sigla em inglês, referente a “Free, Prior and Informed Consent”), um requisito dos Princípios e Critérios RSPO para assegurar que o óleo de palma é produzido sem conflitos quanto à propriedade legítima de terras e que não viola os direitos dos povos indígenas e das comunidades locais. Na Polónia, o uso de óleo de palma nos produtos de Marca Própria diminuiu devido à reformulação da composição de alguns produtos.
Esquemas de Certificação RSPO na Polónia e Portugal (2024)
Embora a Colômbia esteja entre os cinco maiores produtores mundiais de óleo de palma, a taxa de certificação RSPO no país é baixa. Esta realidade, combinada com a nossa estratégia de incentivo às compras locais nos países onde operamos – com o intuito de reduzir as emissões de carbono associadas ao transporte e promover o desenvolvimento local, tal como previsto na nossa Política de Compras Sustentáveis –, torna desafiante o objetivo de aumentar a certificação RSPO do óleo de palma produzido na Colômbia.
Desde 2021 que a Ara faz parte do “Acuerdo de Voluntades para la Deforestación Cero en la Cadena de Aceite de Palma en Colombia” (Acordo de Vontades para a Desflorestação Zero na Cadeia de Óleo de Palma na Colômbia), com o objetivo de garantir que o óleo de palma utilizado nos produtos de Marca Própria e perecíveis não contribui para a desflorestação. Este acordo, promovido pelo governo colombiano, estabelece 2011 como data-limite a partir da qual a desflorestação deixa de ser permitida e conta com o apoio de várias organizações da sociedade civil – incluindo a RSPO, a Proforest, a Tropical Forest Alliance e a WWF. A iniciativa foca-se em ações como a rastreabilidade do óleo de palma até ao nível da quinta de produção, garantindo que não está associado a desflorestação. Visa também assegurar que o óleo de palma importado possui certificação de sustentabilidade, como a RSPO.
Progresso em 2024
Em 2024, 100% do nosso consumo de óleo de palma nos produtos de Marca Própria e perecíveis atingiu as 77.667 toneladas em 2024, um aumento de 15% face a 2023.
Na Ara, 75% do óleo de palma utilizado nos produtos de Marca Própria e perecíveis teve origem na Colômbia (menos 18 p.p. do que em 2023), do qual cerca de 66% tinha certificação RSPO (mais 54 p.p. do que em 2023). A utilização de óleo de palma proveniente da Colômbia foi menor, devido ao aumento da materialidade do Equador enquanto origem (passou a representar 20% do consumo).
Conseguimos rastrear a origem de 95% do óleo de palma da Colômbia utilizado em produtos de Marca Própria e perecíveis até à zona da exploração agrícola onde foi produzido – um aumento de 4 p.p. face a 2023. Confirmámos, assim, que o óleo de palma provinha dos Departamentos de Norte de Santander, Cesar, Magdalena, Meta e Casanare, localizados em três das quatro áreas produtoras do país (Zona Central, Zona Oriental e Zona Norte) e de 25 das 70 fábricas de processamento a operar na Colômbia.
Segundo dados oficiais de 2021, apenas 0,75%1 da desflorestação identificada na Colômbia estava associada ao óleo de palma. Este facto, a par dos níveis elevados de rastreabilidade, da crescente certificação RSPO e do baixo índice de desflorestação associado ao óleo de palma na Colômbia valida a nossa estratégia DCF para a utilização desta matéria-prima no país.
O óleo de palma utilizado nos produtos de Marca Própria e perecíveis da Ara que não teve origem na Colômbia representou 25% do total, dos quais 59% era certificado pela RSPO (menos 39 p.p. do que em 2023). Os principais fornecedores da Ara não conseguiram obter óleo de palma certificado pela RSPO para todos os volumes de origem não colombiana.
Em 2025 iremos trabalhar em conjunto com os fornecedores para aumentar os níveis de certificação RSPO do óleo de palma importado, com o compromisso de assegurar que não está associado a desflorestação ou à conversão de ecossistemas de AVC.
Assumindo que:
- para os países considerados como tendo risco de desflorestação e conversão, os esquemas de certificações físicas até ao nível “Segregated” são consideradas DCF;
- na Colômbia:
- 9% do nosso consumo possui risco de desflorestação (assumimos uma abordagem conservadora, dado não ter sido possível mapear até ao nível da exploração agrícola);
- aplicámos a desflorestação associada ao óleo de palma (0,75%), identificada pelos organismos públicos colombianos a 95% do nosso consumo que foi rastreado até à área da exploração agrícola onde foi produzido;
podemos presumir que 56% (43.378 toneladas) do nosso consumo total de óleo de palma em 2024 estava livre de desflorestação e conversão de ecossistemas de AVC – 10% (4.331 toneladas) era proveniente de esquemas de certificação física DCF e 90% (39.047 toneladas) através de rastreabilidade e verificação DCF. O volume considerado como em progresso para DCF corresponde a 44% (34.289 toneladas).
Estes valores baseiam-se no novo método de cálculo DCF desenvolvido pela FPCoA para o óleo de palma, aplicável a partir de 2024. Este método considera os esquemas de certificação física até ao nível “Segregated” como estando em conformidade DCF.
No entanto, se considerarmos os volumes de óleo de palma com certificação RSPO até ao nível “Mass Balance”, verifica-se que 89% do nosso consumo total de óleo de palma em 2024 (69.029 toneladas) estaria livre de desflorestação e conversão de ecossistemas de Alto Valor de Conservação. O volume considerado como estando em progresso para DCF corresponderia a 11% (8.638 toneladas).
Incluímos o esquema de certificação física “Mass Balance” no cálculo DCF como forma dereconhecer os esforços dos nossos fornecedores de Marca Própria e perecíveis. O seu compromisso na luta contra a desflorestação e conversão associadas à cadeia de abastecimento de óleo de palma, que implica custos financeiros e operacionais adicionais, contribui para uma produção de óleo de palma mais sustentável.

Vamos continuar a trabalhar para aumentar a rastreabilidade dos volumes de óleo de palma, nomeadamente – e sempre que possível – até ao nível da parcela de produção, de modo a conseguirmos constatar que a mesma não foi responsável por desflorestação ou conversão de ecossistemas de AVC.
Em 2024 obtivemos uma classificação média de 8,2 pontos no Shared Responsibility Scorecard da RSPO, o que representa uma melhoria de 0,8 pontos em relação a 2023 – e um desempenho superior à média do setor do retalho (4,6). A avaliação da RSPO considera cinco dimensões: transparência e legalidade, ambiente, questões sociais, sourcing e cumprimento da meta de certificação.
O nosso progresso no âmbito do óleo de palma encontra-se detalhado e disponível para consulta nas nossas respostas à Comunicação Anual sobre o Progresso da Roundtable on Sustainable Palm Oil.
Envolvimento com fornecedores e traders
No âmbito do Elemento 2 do roadmap – o envolvimento com fornecedores e traders –, continuamos empenhados em comunicar de forma transparente as nossas expetativas e iniciativas a todos os intervenientes na nossa cadeia de abastecimento.
Em 2024 continuámos o trabalho, iniciado em 2014, de mapear a presença de óleo de palma nos produtos de Marca Própria e perecíveis. Para tal, enviamos questionários anuais aos fornecedores diretos para recolher informações sobre o tipo de certificação da matéria-prima utilizada e a origem da produção primária (pelo menos até ao nível nacional).
Comunicamos regularmente os nossos compromissos, progressos e políticas para a preservação das florestas e avaliamos as políticas e ações dos fornecedores no combate à desflorestação. O objetivo é aumentar a rastreabilidade da cadeia de abastecimento e mobilizar os fornecedores de Marca Própria e perecíveis para a adoção de compromissos e ações concretas nas suas operações, alinhados com as orientações do roadmap da FPCoA.
Em 2024 reforçámos este trabalho junto dos principais fornecedores, que representaram mais de 80% do nosso consumo de óleo de palma. Identificámos as suas principais fontes de abastecimento, os importadores, as refinarias onde a palma é processada e o volume de matéria-prima certificada (ver lista aqui). Conseguimos identificar os traders a montante dos nossos fornecedores diretos responsáveis por mais de 70% do nosso consumo de óleo de palma proveniente de países de risco de desflorestação e conversão. Dos fornecedores indiretos identificados, 6 são traders (Bunge, AAK, Olenex, Croda, BASF, Fuji Oi), e representam 10% do nosso consumo de óleo de palma em 2024. Estes traders foram avaliados pelo CDP - Disclosure Insight Action (anteriormente Carbon Disclosure Project), tendo obtido a classificação A- (1%), B (50%) e C (49%) no programa Florestas.
Estes dados mostram a complexidade na rastreabilidade da cadeia de abastecimento por parte dos retalhistas – o óleo de palma está muitas vezes presente em ingredientes compostos, o que aumenta significativamente o número de fornecedores indiretos.
Até final de 2025, e em conjunto com os nossos principais fornecedores diretos, pretendemos aumentar a rastreabilidade ao nível dos traders envolvidos na cadeia de abastecimento e divulgar informação sobre o seu desempenho no combate à desflorestação e conversão de ecossistemas naturais. Iremos também continuar a envolver os fornecedores diretos mais relevantes em interações e workshops, com os objetivos de identificar os seus compromissos de combate à desflorestação e conversão, e sensibilizá-los para o alinhamento com os objetivos que definimos para a nossa cadeia de abastecimento do óleo de palma.
Em 2024, mantivemos uma participação ativa nas iniciativas multi-stakeholder de contexto nacional:
- na Polónia, através da participação da Biedronka na Coligação Polaca para o Óleo de Palma Sustentável (PKZOP), foi alcançado o objetivo de certificar 100% do óleo de palma utilizado (ex., RSPO);
- na Colômbia, através da Ara, continuamos a trabalhar para aumentar a certificação de óleo de palma proveniente de origem não colombiana, tal como definido no “Acuerdo de Voluntades para la Deforestación Cero en la Cadena de Palma en Colombia”.
1 Dados revelados na análise do nível de desflorestação associada à produção de óleo de palma, realizada pelo IDEAM (2023) – Instituto de Hidrologia Meterorología y Estudios Ambientales e pelo Ministério do Ambiente Colombiano.