Relatório e Contas 2024

Um futuro positivo para a floresta
5.º relatório de progresso

Soja

Devido ao seu elevado consumo, a soja é um dos principais produtos agrícolas a nível mundial. Nos nossos produtos de Marca Própria e perecíveis, a soja está presente de duas formas: diretamente, em bebidas, óleos e outros produtos alimentares à base de soja, e indiretamente, através da sua incorporação nas rações que alimentam animais destinados à produção de bens de origem animal como ovos, leite, queijo, carne e pescado de aquacultura.

A nossa estratégia está alinhada com o Elemento 1 do roadmap para a soja da FPCoA e comporta dois níveis de atuação:

  • aumentar a rastreabilidade ao nível da produção agrícola, reduzindo a incerteza associada à origem da soja;
  • assegurar a origem sustentável sempre que a soja seja proveniente de países com risco de desflorestação, como a Argentina, Brasil e Paraguai.
Grande plano de plantas de soja (foto)

Além destes compromissos, temos outros objetivos – um deles é assegurar que, até 2025, toda a soja nos nossos produtos de Marca Própria e perecíveis seja isenta de desflorestação (legal ou ilegal) e de conversão de ecossistemas de Alto Valor de Conservação (AVC), garantindo simultaneamente o respeito pelos direitos humanos ao longo da cadeia de produção. Para isso, adotámos 31 de dezembro de 2020 como data-limite para a desflorestação e conversão, exceto nos casos em que já existam datas-limite setoriais estabelecidas, como a Moratória da Soja na Amazónia, que define 22 de julho de 2008 como referência temporal, ou outras datas previstas na lei.

Estamos empenhados em assegurar que, até 2025, 100% da soja direta e indireta é rastreável pelo menos até ao país de origem e, sempre que seja proveniente de locais onde o risco não é negligenciável, é rastreável até ao município de origem e/ou que tem certificação de sustentabilidade (ex., RTRS ou ProTerra).

Mapear as cadeias de abastecimento da soja indireta é um desafio para os retalhistas alimentares, uma vez que a soja é frequentemente adquirida por intermédio de fornecedores indiretos. Nestes casos, nenhum dos nossos fornecedores diretos adquire soja de forma direta, mas sim produtos de origem animal provenientes de cadeias de abastecimento onde, em fases anteriores e muitas vezes distantes das suas operações, os animais foram alimentados com soja. Esta complexidade exige uma abordagem colaborativa para identificar a origem dos ingredientes das rações utilizadas na alimentação animal.

Com o objetivo de mitigar os riscos de desflorestação e conversão de ecossistemas associados à produção de soja, rastreamos e monitorizamos o fluxo da soja indireta através de associações setoriais e de iniciativas como a FPCoA.

Progresso em 2024

O nosso consumo de soja inclui 100% da soja direta (como bebidas vegetais de soja, molhos de soja, lecitinas e óleos de soja) e indireta (todo o tipo de soja incorporada nas rações de animais que dão origem a produtos como ovos, leite, queijo, carne e peixe de aquacultura) presente nos produtos de Marca Própria e perecíveis que vendemos nos países onde operamos.

Este consumo é calculado anualmente com base nas orientações das CGF’s Soy Measurement Guidelines, que incluem a contabilização dos cinco níveis de medidas:

  • Tier 1 – soja comprada diretamente e produtos derivados (como bebidas vegetais de soja, molhos de soja, lecitinas, óleos de soja e edamame), que contenham mais de 95% de soja;
  • Tier 2 – soja utilizada na alimentação de animais como bovinos, suínos, frangos e peixe de aquacultura; produtos de carne e peixe frescos;
  • Tier 3 – soja utilizada na alimentação de galinhas poedeiras e vacas leiteiras, entre outros, para a produção de ovos e laticínios (como iogurtes ou batidos) em que mais de 95% do produto é constituído por estes ingredientes;
  • Tier 4a – soja utilizada na alimentação de animais que dão origem a produtos processados (como refeições prontas, salsichas, etc.), em que essa carne ou peixe representa menos de 95% do produto acabado;
  • Tier 4b – soja utilizada na alimentação de animais que dão origem a produtos alimentares (como bolos, batidos e gelados) em que os ovos e os laticínios representem menos de 95% do produto total;
  • Tier 5 – integra todos os outros derivados de soja que possam estar incorporados na cadeia de abastecimento, incluindo lecitina no chocolate e óleo de soja na margarina, bem como subprodutos de soja em produtos de higiene pessoal e cosméticos em que a soja representa menos de 95% da composição total do produto.

Em 2024, o nosso consumo direto e indireto de soja, considerando os cinco níveis descritos acima presentes no total do nosso sortido de produtos de Marca Própria e perecíveis, foi de 513.486 toneladas.

Grande plano de grãos de soja (foto)

A soja direta (nomeadamente, óleos e bebidas vegetal) correspondeu a 4% do nosso consumo total – uma diminuição de 10% face a 2023, principalmente devido às reformulações na composição dos óleos alimentares vegetais que contêm soja nos produtos de Marca Própria da nossa insígnia na Colômbia.

A soja indireta, utilizada em rações para alimentação animal, representa 96% do consumo total nos produtos de Marca Própria e perecíveis (tiers 2, 3, 4a e 4b). A grande maioria (80%) está associada aos perecíveis especializados nas categorias de carne e pescado de aquacultura (tier 2) e a perecíveis não-especializados, como ovos ou laticínios (tier 3). Os restantes 16% estão associados a alimentos processados (como refeições prontas e salsichas) que contêm produtos de origem animal como ingrediente.

Cerca de 57% da soja consumida em 2024 estava associada à alimentação de aves (menos 4 p.p. do que em 2023), 18% à alimentação de suínos (mais 4 p.p. face a 2023) e 10% à produção de ovos (menos 1 p.p. que em 2023).

Pegada de soja por tier (2024)

Pegada de soja por tier (2024) (gráfico de donuts)

Pegada de soja por ingrediente (2024)

Pegada de soja por ingrediente (2024) (gráfico de donuts)

Em 2024, continuámos a trabalhar na rastreabilidade da soja e conseguimos identificar a origem de 95% do total de soja presente nas nossas cadeias de abastecimento pelo menos até ao país de produção (mais 2 p.p. do que em 2023). A origem dos restantes 5% não foi possível determinar. Este progresso reflete o compromisso e o esforço conjunto dos nossos fornecedores em aumentar a rastreabilidade das suas próprias cadeias de abastecimento. Em 2025, continuaremos a colaborar com os nossos fornecedores, com especial foco nos ovos e nas carnes de aves e de porco, dada a sua relevância na nossa cadeia de abastecimento.

Cerca de 64% (menos 6 p.p. do que em 2023) da soja utilizada nos produtos de Marca Própria e perecíveis, principalmente no que diz respeito à soja indireta, foi proveniente de países com risco de desflorestação (em 2024, a FPCoA reviu a lista de países de risco: Bolívia e o Uruguai saíram, enquanto a Argentina, o Brasil e o Paraguai continuam incluídos). Desta soja, 17% (mais 7 p.p. do que em 2023) tinha certificação de sustentabilidade como RTRS e ProTerra.

Assumindo a metodologia para o cálculo DCF, podemos presumir que, em 2024, 44,2% (227.107 toneladas) do nosso consumo total de soja era livre de desflorestação e conversão de ecossistemas de AVC, sendo 35,7% com risco negligenciável (183.334 toneladas) e 8,5% com esquemas de certificação física (43.773 toneladas). Estes 44,2% representam um aumento de cerca de 19 p.p. face ao ano anterior, devido ao aumento da soja com origem em países de risco negligenciável e da certificação da soja com origem em países de risco não negligenciável. Estamos a trabalhar para alcançar um nível de rastreabilidade que nos permita garantir que, mesmo quando a soja é proveniente desses países, não está associada à desflorestação ou à conversão de ecossistemas de AVC.

Considerando o fluxo de soja direta, podemos presumir que, em 2024, 85,4% (17.986 toneladas) do nosso consumo total deste tipo de soja era livre de desflorestação e conversão de ecossistemas de AVC (o risco negligenciável é aproximadamente responsável por toda a soja considerada DCF).

Já considerando o fluxo da soja indireta, podemos presumir que, em 2024, 42,5% (209.121 toneladas) do nosso consumo total deste tipo de soja era livre de desflorestação e conversão de ecossistemas de AVC. O risco negligenciável é responsável por 33,6% (165.362 toneladas) e os esquemas de certificação física por 8,9% (43.759 toneladas). Estes resultados espelham bem a maior complexidade associada à cadeia de abastecimento da soja por via indireta.

O nosso consumo de soja considerado como em “Progresso para DCF” representou 5% do total, correspondente a 26.376 toneladas. Esta quantidade diz respeito a soja indireta de origem desconhecida, tendo sido possível rastrear ou a origem da matéria-prima (laticínios e carne de frango e de suíno) ou a origem da ração animal. Um dos objetivos coletivos da FPCoA é colaborar com associações setoriais para fazer face ao desafio de rastreabilidade na cadeia de valor.

Para a soja proveniente de países com risco de desflorestação e conversão, os créditos RTRS comprados pelos nossos fornecedores (uma forma de contribuírem para a transição para uma produção de soja sustentável) representam cerca de 5% do nosso consumo. Em 2025, e em colaboração com os nossos fornecedores, tentaremos migrar uma parte destes créditos para esquemas de certificação física, com o objetivo de aumentar os nossos volumes considerados DCF.

Para mais informações, consulte o nosso Relatório de Progresso Anual disponível no website da Round Table on Responsible Soy.

Envolvimento com fornecedores e traders

Na qualidade de membro da FPCoA, e no âmbito do Elemento 2 do roadmap para a soja, o nosso compromisso inclui o envolvimento com os fornecedores de Marca Própria e perecíveis, informando-os dos nossos objetivos e progressos, e incentivando-os a assumirem os mesmos compromissos nas suas próprias operações. Em 2024, tal como já tínhamos feito anteriormente, voltámos a comunicar os compromissos, progressos e políticas sobre o nosso contributo para um futuro positivo para a floresta a todos os nossos fornecedores.

Em 2024, continuámos a identificar as políticas e medidas implementadas pelos nossos fornecedores diretos mais relevantes – que representam mais de 80% do nosso consumo de soja – no âmbito da prevenção da desflorestação e do respeito pelos direitos humanos, tanto nas suas operações como nas cadeias de fornecimento a montante. Avaliámos também a existência de mecanismos de controlo da desflorestação e conversão de ecossistemas, como a rastreabilidade adequada, a definição de datas-limite e os sistemas de monitorização. Esta análise permite-nos compreender os diferentes níveis da nossa cadeia de abastecimento e incentivar todos os intervenientes a alinhar-se com os mesmos compromissos ao longo das suas atividades.

Simultaneamente, colaboramos de forma ativa com os nossos fornecedores diretos para melhorar o conhecimento sobre os sistemas de certificação disponíveis no mercado, com especial ênfase nas normas reconhecidas pela RTRS e pela ProTerra, às quais atribuímos prioridade.

Em 2024, e no âmbito do nosso envolvimento na FPCoA, voltámos a estar presentes em sessões de trabalho com alguns traders e colaborámos com a Soy Transparency Coalition (STC), uma coligação que avalia o desempenho de grandes traders em relação às políticas e ao progresso rumo aos objetivos de FPCoA, com o propósito de eliminar a desflorestação e conversão, bem como assegurar o respeito pelos direitos humanos ao longo destas cadeias de abastecimento complexas.

Em 2024 conseguimos identificar os traders a montante dos nossos fornecedores diretos responsáveis por 70% do nosso consumo de soja proveniente de países de risco de desflorestação e conversão. Os traders responsáveis por 22% deste consumo foram avaliados pelo CDP – Disclosure Insight Action (anteriormente Carbon Disclosure Project), tendo todos obtidos classificação B no programa Florestas.

Cargill, Bunge, Louis Dreyfus e Viterra são os traders mais expressivos na nossa cadeia de abastecimento. A coligação irá manter o seu trabalho junto dos traders para promover parcerias que contribuam para um futuro positivo para a floresta.

Nos próximos anos, iremos avaliar o contributo dos nossos fornecedores diretos para uma cadeia de abastecimento que promova um futuro positivo para as florestas. Esta avaliação irá abranger as suas políticas de combate à desflorestação, o grau de rastreabilidade da origem da soja, a implementação de mecanismos de verificação e o nível de conhecimento que detêm sobre a sua própria cadeia de fornecimento, incluindo os traders com os quais têm relações comerciais (diretas ou indiretas).

Bens perecíveis
Produtos com um prazo de validade limitado e que requerem um armazenamento adequado para evitar que se estraguem, por exemplo, frutas frescas, vegetais, alimentos prontos a consumir, carne e peixe vendidos ao balcão e produtos lácteos.
Desflorestação
O desbravamento extenso de florestas. Isto pode acontecer por várias razões, como a criação de terras agrícolas para culturas e gado, a extração de madeira e o desenvolvimento de infraestruturas como estradas e zonas urbanas.

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