Relatório e Contas 2024

Enquadramento de 2024

Em 2024, a economia mundial demonstrou resiliência, registando um crescimento de 3,2%1.

A redução da inflação possibilitou um alívio na política monetária das principais economias, o que contribuiu para mitigar o aumento do custo de vida e os efeitos da incerteza gerada pelas tensões geopolíticas. Não obstante, observaram-se diferenças significativas entre os diversos blocos económicos na dinâmica da atividade económica e na recuperação dos rendimentos.

A confiança dos consumidores registou um aumento em várias regiões, embora tenha permanecido abaixo dos níveis médios históricos, especialmente nas economias mais desenvolvidas.

Camiões num parque de estacionamento fotografados de cima (foto)

Nos últimos meses do ano, as vendas a retalho registaram crescimentos mais acentuados na maioria das economias, e a rigidez do mercado de trabalho diminuiu gradualmente em muitos países. Apesar do incremento sucessivo do rendimento disponível das famílias, a evolução do consumo privado manteve-se modesta, em parte devido ao aumento das taxas de poupança.

No âmbito geopolítico, o ano ficou marcado pela persistência da guerra na Ucrânia e pela escalada do conflito no Médio Oriente. A campanha eleitoral nos Estados Unidos da América (EUA) e a eleição de Donald Trump como 47.º presidente dos EUA foram acontecimentos-chave no segundo semestre do ano. O presidente eleito anunciou medidas protecionistas, potencialmente abrangendo países com os quais os EUA mantêm relações comerciais, o que gerou incerteza quanto ao crescimento económico e à inflação em 2025.

A OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico) estima que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acelere para cerca de 3,3% em 2025 e 2026. A inflação deverá continuar a trajetória descendente iniciada no final de 2023 e o crescimento estável do emprego, aliado a uma política monetária global menos restritiva, poderá contribuir para sustentar a procura.

Na Polónia, o ano foi caracterizado por diversos desafios económicos. No primeiro trimestre, os consumidores continuaram a beneficiar da redução do IVA sobre alguns bens essenciais. Nos meses seguintes, o fim desse benefício e o descongelamento das tarifas de energia contribuíram para uma deterioração da confiança dos consumidores.

Em Portugal, a demissão, no final de 2023, do Primeiro-Ministro do Partido Socialista, espoletou eleições legislativas antecipadas em março de 2024, que resultaram na vitória, com maioria relativa, do Partido Social Democrata. O risco de crédito do país melhorou ao longo do ano, refletindo-se numa redução dos custos de financiamento para o Estado, empresas e famílias.

Na Colômbia, o cenário político permaneceu caracterizado por uma acentuada polarização. Com a dificuldade do Presidente em aprovar variadas reformas ao longo do ano e, em particular, com a rejeição, já em dezembro, da sua reforma fiscal e do orçamento da nação, as divergências entre o governo e os partidos da oposição intensificaram-se, a menos de um ano e meio das próximas eleições legislativas e presidenciais.

Produto interno bruto

Últimos 3 anos

Produto interno bruto (gráfico de barras)

A economia polaca registou uma aceleração em 2024, com o PIB a crescer 2,8%, em comparação com um crescimento de 0,2% em 2023. Tanto o consumo privado como o público aumentaram em 2024, impulsionados pela queda da inflação e pelo crescimento significativo dos salários nominais, em grande parte fomentado pelo aumento do salário mínimo. No entanto, as famílias mantiveram-se cautelosas e reforçaram a taxa de poupança.

Ainda na Polónia, o ritmo de desembolso dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) resultou num crescimento mais lento do investimento, tendo a produção industrial registado um ligeiro aumento em 2024.

A economia portuguesa desacelerou em 2024 e o crescimento do PIB deverá situar-se em 1,9%. Apesar dos avanços na execução do PRR, observou-se uma redução no investimento empresarial e um abrandamento do mercado imobiliário. A procura interna acelerou e as exportações registaram um crescimento robusto. No mercado de trabalho, o emprego aumentou em 2024, em larga medida devido ao crescimento da mão-de-obra estrangeira, com a taxa de desemprego a manter-se baixa. Apesar da desaceleração, a economia portuguesa cresceu acima da média da união europeia (1%).

Na Colômbia, a economia cresceu 1,7% em 2024 (0,6% em 2023). O investimento voltou a ganhar algum dinamismo e o mercado de trabalho revelou-se resiliente, o que sustentou o consumo privado e contribuiu para o crescimento económico. As exportações registaram um crescimento superior face a 2023, apesar do impacto da queda dos preços do petróleo.

Índice de preços no consumidor

Últimos 3 anos

Índice de preços no consumidor (gráfico de barras)

A inflação na Polónia iniciou o ano de 2024 em queda, atingindo o valor mínimo de 2% em março, enquanto ainda vigoravam os apoios do governo, nomeadamente o IVA a zero nos produtos alimentares essenciais. No entanto, com o fim dessa medida, e com a remoção parcial do limite aos preços da energia, a inflação registou, desde então, uma trajetória de subida, tendo terminado o ano com uma variação de 4,7% em dezembro, face ao período homólogo. A inflação média foi de 3,7% em 2024 (11,4% em 2023).

Em Portugal, a inflação média foi de 2,4% em 2024 (4,3% em 2023), com um comportamento não uniforme ao longo do ano. O valor mínimo verificou-se em agosto (1,9%), tendo depois acelerado e terminado em 3% em dezembro.

Na Colômbia, a inflação foi de 8,3% em janeiro e recuou ao longo do ano, cifrando-se em 5,2% em dezembro. Na média do ano, a inflação foi de 6,6% em 2024 (11,7% em 2023). A inflação subjacente, que exclui os produtos alimentares e energéticos, também recuou, atingindo uma média de 6,6% em 2024, face a 10% em 2023.

Taxas de juro diretoras - Fim do período

Últimos 3 anos

Taxas de juro diretoras - Fim do período (gráfico de barras)

Em 2024, os principais bancos centrais aliviaram o carácter restritivo da política monetária.

O Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juro de referência inalteradas em 4,5% nos primeiros meses do ano, tendo, a partir de junho, implementado cortes graduais. O BCE reduziu as taxas de juro quatro vezes, levando a taxa de refinanciamento a fechar o ano em 3,15%.

Na Polónia, o Banco Central (NBP) manteve as taxas de juro de referência inalteradas (5,8%), por considerar necessária uma política monetária restritiva para fazer face à inflação ainda elevada.

Na Colômbia, as taxas de juro de referência foram revistas oito vezes ao longo do ano, totalizando uma diminuição de 350 pontos base, de 13% para 9,5%, com cortes graduais à medida que se observaram os efeitos da política monetária restritiva na inflação e na inflação subjacente.

Índices do retalho total e alimentar

Preços constantes

Índices do retalho total e alimentar (linha gráfico)

As vendas totais no sector do retalho, a preços constantes, registaram, em 2024, uma melhoria face a 2023, com taxas de crescimento positivas nas três economias em análise, ainda que inferiores às taxas registadas em 2022.

Em 2024, as vendas de retalho alimentar registaram uma recuperação significativa em Portugal, enquanto que na Colômbia se mantiveram estáveis, e na Polónia contraíram ligeiramente face ao ano anterior. O desempenho inferior nestes dois países resulta da maior contenção nas compras por parte dos consumidores, que ainda se sentiram afetados pela inflação, pelos custos de financiamento elevados, e pela diminuição da confiança, principalmente ao longo da primeira metade do ano.

Indicador de confiança dos consumidores

Últimos 3 anos

Indicador de confiança dos consumidores (gráfico de barras)

Os níveis do Indicador de Confiança dos Consumidores melhoraram nas três geografias em 2024, apesar de permanecerem em território negativo.

Na Polónia, o indicador subiu consecutivamente durante os primeiros quatro meses do ano, mas deteriorou-se posteriormente com o fim do período de desinflação que se vinha a verificar desde o ano anterior. No resto do ano, a confiança dos consumidores diminuiu ligeiramente, em resultado da abolição parcial do limite de preços nas tarifas do gás e da eletricidade para as famílias.

Em Portugal, a confiança dos consumidores recuperou no período de janeiro a setembro, mas diminuiu nos últimos meses do ano. Não obstante, a confiança esteve quase sempre em níveis menos negativos do que os registados em 2023.

Na Colômbia, o índice de confiança em 2024 melhorou em relação aos valores médios de 2022 e 2023.

Taxa de desemprego

Últimos 3 anos

Taxa de desemprego (gráfico de barras)

A evolução da taxa de desemprego foi díspar entre os países em análise.

Na Polónia, a taxa média de desemprego em 2024 fixou-se em 5,1%, em linha com o registado nos anos anteriores.

Em Portugal, a taxa média de desemprego permaneceu praticamente inalterada face a 2023 nos 6,4%. A taxa de desemprego tem-se mantido relativamente estável ao longo dos últimos anos, mesmo num contexto de forte criação de emprego e de aumento da população ativa.

Na Colômbia, a taxa de desemprego tem vindo a baixar nos últimos anos. Essa tendência manteve-se ao longo de 2024, atingindo 9,1% em dezembro. Ainda assim, no final de 2024 o país apresentava uma taxa de desemprego média de 10,2%.

Relativamente às taxas de câmbio, em 2024, o złoty registou uma taxa de conversão anual média2 de 4,3049 em relação ao euro, correspondente a uma apreciação de 5,3% face ao câmbio médio de 4,5336 registado em 2023.

Coincidentemente, o peso colombiano registou uma taxa de conversão anual média de 4.405 face ao euro, o que se traduz numa apreciação, tal como o złoty, de 5,3% face aos 4.640 de 2023.

Para 2025, a nível mundial, é expectável que a inflação baixe, que o emprego cresça de forma estável e que a política monetária global seja menos restritiva. Estes fatores deverão suportar a procura, apesar da necessária contração da política orçamental em vários países.

No final de 2025 ou no início de 2026, prevê-se que a inflação volte ao objetivo de médio e longo prazo em quase todas as principais economias. Espera-se que os bancos centrais continuem a baixar as taxas de juro à medida que a inflação continue a decrescer e que as pressões no mercado de trabalho se dissipem.

As expectativas das instituições para 2025 apontam para uma aceleração do crescimento económico na Polónia, impulsionada pela subida dos salários reais e por uma política orçamental que suporte a procura.

O PRR deverá continuar a fomentar o investimento enquanto a inflação tenderá a abrandar gradualmente. Estima-se que o crescimento dos salários possa impulsionar o consumo, ao mesmo tempo que continuará a pressionar os custos das empresas, representando, no entanto, um risco de aumento da inflação.

A política monetária manter-se-á restritiva, considerando os riscos de inflação associados ao aumento dos preços da energia, dos impostos especiais sobre o consumo e dos serviços regulamentados. Não obstante, espera-se que essa política seja aliviada à medida que as pressões sobre os preços se dissipem.

As previsões para 2025 apontam para um crescimento sustentado da economia portuguesa, fomentado pela procura interna e externa. A inflação moderada, a par da subida dos salários reais e do emprego, sustentará o consumo das famílias.

A transição gradual para taxas de juro mais baixas e os fundos do PRR irão impactar positivamente o investimento em Portugal. A procura externa dirigida à economia portuguesa deverá acelerar em 2025, mas a evolução das exportações poderá ser condicionada pelo forte efeito base, em particular no sector do turismo.

Na Colômbia, é esperada uma recuperação gradual da economia em 2025, com o consumo privado e o investimento fixo em infraestruturas, maquinaria e habitação a evoluírem favoravelmente. As exportações crescerão a um ritmo moderado, tendo em conta a procura externa e a manutenção dos preços do petróleo, enquanto os bens de investimento, utilizados para produzir outros bens ou serviços, deverão impulsionar um maior crescimento das importações, aumentando o défice da balança corrente.

A incerteza a nível interno e internacional poderá acrescer pressão sobre a taxa de câmbio e sobre os diferenciais das taxas de juro. A eventual subida dos preços do petróleo, espoletada pelas tensões geopolíticas, poderá impulsionar as exportações e as receitas fiscais.

Estima-se que a inflação ronde os 3% em 2025, com taxas de juro com tendência decrescente que deverão permitir o fortalecimento das condições financeiras dos agentes económicos.

1 World Economic Outlook Update and Economic Outlook, Volume 2024 Issue 2

2 Taxa de conversão anual média determinada com ponderação dos volumes de negócios das Companhias do Grupo a operarem nessa moeda

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