Os principais riscos e oportunidades identificados no âmbito da economia circular, nomeadamente os associados aos dois tópicos com maior materialidade para o Grupo (embalagens e desperdício alimentar), estão relacionados com o tipo de recursos utilizados (renováveis e não renováveis), o desperdício de recursos e a valorização de resíduos. Para a avaliação de riscos e oportunidades nesta temática foi seguida a abordagem LEAP (Locate, Evaluate, Assess and Prepare).
Os riscos e oportunidades são considerados significativos quando excedem uma variação potencial de 5% nas vendas, sendo nesse caso identificados, avaliados e geridos ao nível corporativo. Quando se situam abaixo do limiar de materialidade (variação de até 5% das vendas considerando o risco inerente1), são identificados e avaliados ao nível corporativo e geridos ao nível das Companhias.

A identificação de riscos e oportunidades inclui:
- acompanhamento da regulamentação específica de cada país (ex., responsabilidade alargada do produtor);
- avaliação pormenorizada da reciclabilidade das embalagens de Marca Própria, seguindo a metodologia da Fundação Ellen McArthur, e da quantidade desperdiçada de cada produto alimentar, seguindo as melhores práticas definidas pelo Food Loss and Waste Protocol;
- análise das tendências de mercado, nomeadamente as preferências dos nossos clientes (ex., conveniência nas decisões de compra ou escolha entre embalagens descartáveis e embalagens reutilizáveis).
Estes mecanismos estão detalhados nos pontos 52., 53., e 54. do capítulo “Governo da Sociedade”.
Riscos
Os riscos associados à economia circular foram avaliados e selecionados de acordo com a relevância para as nossas atividades, e podem ser:
- de transição (incluem riscos políticos e regulatórios, de mercado, tecnológicos e reputacionais);
- físicos (como o risco de escassez de matérias-primas).
Pelo potencial de perda para a cadeia de valor, o desperdício alimentar representa o risco mais relevante no âmbito da economia circular. Com menor importância surgem os riscos associados à regulamentação, nomeadamente sobre reciclabilidade de embalagens, por dependerem, em alguns casos, de adaptações sectoriais.
Os riscos de mercado, como a disparidade de custos entre materiais reciclados e virgens, podem afetar a competitividade do produto e a reputação das nossas marcas caso não sejam cumpridos os objetivos voluntários a que nos propomos.
Na avaliação dos riscos relacionados com o desperdício alimentar, consideramos a importância quer das cadeias de frio, quer das embalagens. As embalagens desempenham um papel decisivo, equilibrando várias dimensões do nosso negócio, permitindo a preservação dos alimentos que comercializamos, garantindo a defesa da integridade e dos prazos de validade dos alimentos, a eficiência logística por via do formato das embalagens, a seleção de materiais utilizados com implicações diretas na circularidade de materiais, bem como o próprio custo do produto. A forma como lidamos com o risco associado às embalagens está refletida na integração de critérios que promovem uma maior circularidade das embalagens dos nossos produtos de Marca Própria e perecíveis. Aspetos como integração de materiais reciclados, preferência por embalagens monomateriais ou preferência por cores que sejam facilmente distinguidas pelos leitores óticos dos recicladores são valorizados nas nossas tomadas de decisão. Mais informação sobre este tema é apresentada em “Ecodesign de embalagens”.
No caso particular dos componentes de embalagens à base de fibras vegetais, como papel e madeira, adotamos medidas que permitem a regeneração dos sistemas naturais e asseguramos que a origem destas matérias-primas não induz desflorestação. Estas ações são detalhadas em “Combate à desflorestação”.
Oportunidades
As oportunidades avaliadas abrangem:
- a eficiência de recursos, como a otimização do uso de materiais e da gestão de resíduos;
- os mercados, que incluem a sustentabilidade das cadeias de abastecimento e a economia de partilha (ex., embalagens de transporte partilhadas);
- o financiamento, como é o caso dos fundos de investimento para projetos de economia circular;
- a reputação, melhorando continuamente a comunicação e a interação com os diferentes stakeholders, em resposta às suas expectativas e preocupações.
O consumo dos diferentes materiais que compõem as nossas embalagens é contabilizado e monitorizado em permanência. Participamos também em projetos de economia circular para identificar oportunidades de otimização no uso de materiais, aumentar a reciclabilidade, reforçar a incorporação de material reciclado e testar soluções reutilizáveis.
Em relação aos resíduos, promovemos a sua valorização nas nossas operações e também através da sensibilização e o envolvimento dos parceiros de negócio e dos clientes das nossas Companhias.
As medidas de combate ao desperdício alimentar que implementamos estão explicadas em detalhe na página “Combate ao desperdício alimentar”.
Relativamente à avaliação financeira destes riscos e oportunidades, iremos integrar as devidas diligências relacionados com este tópico dentro do período de introdução progressiva estipulado pelas normas de relato de sustentabilidade.
1 Risco inerente refere-se ao nível de risco sem considerar estratégias de resposta a um determinado risco de economia circular (físico ou de transição).